quinta-feira, 21 de abril de 2011

Palavras paranóicas

Palavras paranóicas, tão alucinadas
quanto meu próprio eu, partem rumo
ao deserto que de certo não tem nada.
Se perdem no vazio raso e fundo e
profundo que parece não ter fim;
mergulham e nadam e bebem a
água de seu afogar;
respiram somente por espelhos emparelhados,
transparentes e opacos, mas sujos
de tanto empoeirar;
já não sabem sorrir nem amar,
apenas se secam de tanto molhar (os olhos
estremecidos, solitários com medo de machucar);
palavras, palavras e somente palavras é o que
resta a esse pobre pensar, que não
sabe dizer, nem se calar.
Palavras sozinhas e acompanhadas por suas
almas piradas, transtornadas de não cessar;
palavras com medo de dizer, se mostrar
e assustar; palavras paranóicas com receio
de se silenciar e guardar o grave grito
que não se pode falar nem ocultar;
palavras paranóicas pelo silêncio e barulho
de se beijar e penetrar na pedra parte de seu paladar.

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