Dá medo só de pensar
na volta torta de se deixar
a vida passar e não alcançar
o ar pra respirar novamente
em frente ao palácio dos desanimados;
dá medo de permanecer nessa porta
fechada e sem alma
e querer partir rumo à estrada
que leva ao nada
para desencontrar-me de mim mesmo
e descer a ladeira para reencontrar
o ralo do ar que penumbra e padece
entre os ventos secos, sórdidos, mórbidos
e pálidos feito uma face dilacerada
solta na estrada sem rumo,
sozinha e acompanhada pela singela
sorte desalmada,
por essa dúvida de não saber partir nem ficar,
sem saber onde essa falta de alma vai dar.