Confuso no corredor calado
e alagado de águas cortantes
que me bebem e me cospem;
caído aos calos cavalgados
na carruagem de minha ferrugem;
quebrado em partes parricídias
apertadas e fechadas que me fecham
e me partem ao meio;
desfacelado no esfacelo da face
de minha alma suja, surda, muda, moribunda,
martelada e rasgada e cega de tanto ver
a dor que sente já adormecida
de tanto acordar minhas vozes;
de se molhar com essas águas
de águias escuras e escarradas
na garganta gaga e no seu gosto
seco sem gosto sem gostar
e só gastar salivas soltas,
solitárias sem beijos,
sozinhas em suas sombras
amarradas, abraçadas e sufocadas
pelo sem sentido de não sentir mais nada.
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